sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Nota política do PCB-SP sobre o segundo turno em São Paulo


A Comissão Política Regional do PCB de São Paulo, levando em conta as recomendações do Comitê Central do Partido, decide orientar a militância na cidade de São Paulo no sentido do voto nulo, pelas seguintes razões:

1) Os dois projetos em disputa representam a velha política, utilizam os mesmo métodos eleitorais, a mesma esperteza, as mesmas jogadas de marketing e as alianças espúrias. Serra representa a voz das trevas, junta em torno de si o que há de mais reacionário na política brasileira, enquanto Haddad, que se apresenta como o novo, fez aliança com Maluf, que também representa o que há de mais degradado na sociedade brasileira. Os dois partidos líderes da disputa em São Paulo governam para o capital: o PSDB se encarrega de fazer o trabalho sujo, como as privatizações, alinhamento automático com a política dos Estados Unidos, arrocho salarial, etc. enquanto o PT faz o trabalho mais sofisticado, com respaldo nas organizações de massa que ainda controla, como a reforma da previdência, o fortalecimento dos grandes grupos econômicos nacionais e internacionais, a transferência de recursos do Tesouro para os especuladores por conta da dívida interna.

2) Nós entendemos que a sociedade brasileira deve ultrapassar essa cultura deletéria de votar no menos ruim, como se isso fosse melhorar a vida do povo. O voto útil, que já foi prejudicial à Frente de Esquerda no primeiro turno, é um instrumento deseducativo, rebaixa a política e tende a consolidar projetos que já perderam há muito tempo o compromisso com as transformações sociais. Como as massas não completaram ainda sua experiência com o PT, continuam acreditando que esta organização ainda pode mudar algo a seu favor. Portanto, votar útil  no segundo turno é consolidar essa mistificação da política.

3) As forças de esquerda devem manter a coerência e buscar um caminho alternativo, esclarecendo a população sobre o real significado dos dois projetos, construindo junto às organizações sociais – sindicatos, movimento estudantil, movimentos sociais – uma grande frente de esquerda para além das eleições, com capacidade de colocar os trabalhadores e a população em geral em movimento, nos movimentos anti-imperialistas e anticapitalistas, de forma a abrir espaço para a construção do poder popular em todas as organizações da sociedade e da institucionalidade.


São Paulo 14 de outubro de 2012

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